Da violência contra a mulher à nova terra onde todas terão direitos De Dandara a Marielle um grito por nossa (R) existência!
“Porque está na hora
pedimos o auxílio de todos os santos,
chamamos a força dos mortos na luta
porque está na hora,
o jeito dos mestres da reza e do canto;
porque está na hora,
cantamos malembes pra Nossa Senhora.”
(Ladainha – Pedro Casaldáliga e Milton Nascimento)
Amadas companheiras e amados companheiros, irmãos no sangue e na sina, que tempos difíceis estamos vivendo em nosso país. Tempos onde o ódio, a intolerância e a violência, de boca escancarada, deixou seu esconderijo- de onde sempre nos atacou- para desfilar pelas avenidas desta nossa terra sob aplausos e consentimento de tantos.
Os poderosos desse mundo festejam e gargalham como se já tivessem nos vencido, no entanto, resistir é a lei de nosso povo pobre e oprimido. Povo sofrido; povo jamais vencido!
E agora que a maldade parece prevalecer, nós renovamos a esperança, firmamos os passos para a marcha e as mãos para a luta e, com a força de nossos ancestrais e de toda mulher guerreira, que na historia do povo negro, neste chão, deixou-nos pegadas de sangue para indicar o caminho dos novos palmares que temos construídos, ouçamos grita: “Estamos chegando...viemos lutar!”
É hora de celebramos a Missa Dos Quilombos em rebelde esperança, em ditosa teimosa, em anuncio da Aruanda que virá e em denuncia das estruturas de morte que teimam em se levantar.
Pelo quarto ano consecutivo a favela da Vila Prudente, a comunidade e a Área Pastoral São José Operário se abrem para ensaiarmos, juntos, a libertação final de toda escravidão, racismo e intolerância.
Este ano além do dia da consciência negra que celebramos todos os anos, faremos memória de todas as nossas irmãs que tombaram, vítimas da violência, do feminicídio, do machismo e toda opressão. Ergueremos um grito de denuncia profética em memória de Marielle Franco e tantas mulheres cruelmente assassinada nesse sistema de horror e morte. Com olhos em Maria Santíssima e confiando em sua profecia que canta a queda dos poderosos de seus tronos e a elevação dos humildes (Cf. Lc 1, 51-53), construiremos a páscoa que nos levará “da Violência conta a mulher à terra onde todas terão direitos” e com Maria, com todas as Ayabás, com as Mulheres consagradas, com todas as Yalorixás, com todas as mulheres cujo ventre é sagrado, continuaremos na resistência que de Dandara a Marielle se estende, num grito teimoso pelo direito de (R)existir.
Nossa Missa dos Quilombos será realizada no dia 18 de Novembro de 2018, às 16h00 com a Caminhada dos santos pretos seguida da liturgia da missa.
Nos manteremos unidos em uma prece comum e resistência pascal com as casas de candomblé que sofrem com a intolerância e o desrespeito incentivados por lideranças cristãs que falseiam o Deus de Jesus e utilizam do discurso religioso para espalhar o ódio.
Não podemos deixar que os acontecimentos com o povo negro caiam no esquecimento!
A Negra Mariama, Mãe de Jesus e dos homens e a Yalodé Oxum, Mãe que pare seus filhos e não cortar o cordão umbilical, nos abençoe e encha de axé.
É chegada a hora de cantar a liberdade conquistada. É hora de construir o NOVO PALMARES.
Num Abraço Cheio de Fraternura. Coordenação Geral.
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